La izquierda en Brasil: ¿votar por Dilma o voto nulo?
octubre 17, 2010

Don Plinio Arruda Sampaio es uno de los grandes latinoamericanos de nuestro tiempo, dueño de una trayectoria ejemplar, sin claudicaciones de ningún tipo. Fue candidato presidencial por el PSOL, y sufrió el «ninguneo» de los poderes mediáticos, que establecen cuál voz se escucha y cuál no, y de la lideresa de su propio partido, la errática e incoherente Heloísa Helena. En al Manifiesto a la Nación que reproducimos más abajo propone rechazar ambas alternativas -Dilma y Serra- por  y manifestarse, en cambio, a través por el voto nulo. Se trata, sin duda, de una propuesta muy controversial. Por eso mismo queremos compartirla con todos ustedes. Hicimos lo propio con la convocatoria a votar por Dilma que hicieran algunos movimientos populares del Brasil. Escuchemos ahora la otra campana.

Manifesto à Nação

Plínio de Arruda Sampaio

Para os socialistas, a conquista de espaços na estrutura institucional do Estado não é a única nem a principal das suas ações revolucionárias. Em todas estas, os objetivos centrais e prioritários são sempre os mesmos: conscientizar e organizar os trabalhadores, a fim de prepará-los para o embate decisivo contra o poder burguês.
Fiel a esta linha, a campanha do PSOL concentrou-se no tema da igualdade social, o que possibilitou demonstrar claramente que, embora existam diferenças entre os candidatos da  … (clic aquí para continuar) ordem, são diferenças meramente adjetivas.
 Isto ficou muito claro diante da recusa assustada e desmoralizante das três candidaturas a firmar compromissos com propostas de entidades populares – como a CPT, o MST, as centrais sindicais, o ANDES, o movimento dos direitos humanos – nas questões chaves da reforma agrária, redução da jornada de trabalho sem redução salarial, aplicação de 10% do PIB na educação, combate à criminalização da pobreza.
Não há razão para admitir que se comprometam agora, nem para acreditar que tais compromissos sejam sérios, como se vê pelo espetáculo deprimente da manipulação do sentimento religioso nas questões do aborto, do casamento homossexual, dos símbolos religiosos – temas que foram tratados com espírito público e coragem pela candidatura do PSOL. Nem se fale da corrupção, que campeia ao lado dos escritórios das duas candidaturas ora no segundo turno.
Cerca de um milhão de pessoas captaram nossa mensagem. Constituem a base de interlocutores a partir da qual o PSOL pretende prosseguir, junto com os demais partidos da esquerda, a caminhada do movimento socialista no Brasil.
O segundo turno oferece nova oportunidade para dar um passo adiante na conscientização. Trata-se de esmiuçar as diferenças entre as duas candidaturas que restam, a fim de colocar mais luz na tese de que ambas são prejudiciais à causa dos trabalhadores.
O candidato José Serra representa a burguesia mais moderna, mais organicamente ligada ao grande capital internacional, mais truculenta na repressão aos movimentos sociais. No plano macroeconômico, não se afastará do modelo neoliberal nem deterá o processo de reversão neocolonial que corrói a identidade moral do povo brasileiro. A política externa em relação aos governos progressistas de Chávez, Correa e Morales será um desastre completo.
 A candidata Dilma Rousseff é uma incógnita. Se prosseguir na mesma linha do seu criador – o que não se tem condição de saber – o tratamento aos movimentos populares será diferente: menos repressão e mais cooptação. Do mesmo modo, Cuba, Venezuela, Equador e Bolívia continuarão a ter apoio do Brasil.
Sob este aspecto, Dilma leva vantagem sobre a candidatura Serra. Mas não se deve ocultar, porém, o lado negativo dessa política de cooptação dos movimentos populares, pois isto enfraquece a pressão social sobre o sistema capitalista e divide as organizações do povo, como, aliás, está acontecendo com todas elas, sem exceção.
O que é melhor para a luta do povo? Enfrentar um governo claramente hostil e truculento ou um governo igualmente hostil, porém mais habilidoso e mais capaz de corromper politicamente as lideranças populares?
 Ao longo dos debates do primeiro turno, a candidatura do PSOL cumpriu o papel de expor essa realidade e cobrar dos representantes do sistema posicionamento claro contra a desigualdade social que marca a história do Brasil e impõe à grande maioria da população um muro que a separa das suas legítimas aspirações. Nenhum deles se dispôs a comprometer-se com a derrubada desse muro. Essa é a razão que me tranqüiliza, no diálogo com os movimentos sociais com os quais me relaciono há 60 anos e com os brasileiros que confiaram a mim o seu voto, de que a única posição correta neste momento é do voto nulo. Não como parte do «efeito manada» decorrente das táticas de demonização que ambas candidaturas adotam a fim de confundir o povo. Mas um claro posicionamento contra o atual sistema e a manifestação de nenhum compromisso com as duas candidaturas.
Plínio Soares de Arruda Sampaio, 80 anos, é advogado e promotor público aposentado. Foi deputado federal por três vezes, uma delas na Constituinte de 1988, é diretor do «Correio da Cidadania» e preside a Associação Brasileira de Reforma Agrária – ABRA
Fale com Plínio Arruda Sampaio: plinio.asampaio@terra.com.br

2 Comentarios

  1. midi haytham
  2. Demetrio

    A voz mais lúcida da atual esquerda brasileira. Infelizmente, o terreno, no momento, não estava preparado para esse tipo de semente.

    Contudo, a persistência da crise estrutural do capital haverá de fazer com que os trabalhadores se deparem com essa questão incotornável proposta por Plínio: a da igualdade. E aí, quem sabe, numa conjuntura um pouco diferente, essas idéias poderão frutificar.

    Que o sistema do capital sucumbirá, mais cedo ou mais tarde, ao peso de suas contradições, é certo. O grande problema será fazer com que o caminho que nos reste então não seja o da barbárie pura e simples, e sim o da emancipação.

    Gracias, professor Boron, por este belo blog, um verdadeiro instrumento de luta revolucionária.

    Um abraço.

    Responder

Enviar un comentario

Tu dirección de correo electrónico no será publicada. Los campos obligatorios están marcados con *

Este sitio usa Akismet para reducir el spam. Aprende cómo se procesan los datos de tus comentarios.

Otras noticias

fotografía de Atilio Borón

Sobre el Autor de este Blog

Atilio Alberto Borón (Buenos Aires, 1 de julio de 1943) es un politólogo y sociólogo argentino, doctor en Ciencia Política por la Universidad de Harvard. Actualmente es Director del Centro de Complementación Curricular de la Facultad de Humanidades y Artes de la Universidad Nacional de Avellaneda. Es asimismo Profesor Consulto de la Facultad de Ciencias Sociales de la Universidad de Buenos Aires e Investigador del IEALC, el Instituto de Estudios de América Latina y el Caribe.

Ver más